Nesta exposição a artista reflecte sobre a água, nos seus estados e formas, e como metáfora de fluidez e de solidez, de limite e de infinito,  privilegiando o sentido da audição. E sobre a decoração num sentido abrangente, como atitude de procura de uma ordem preferencial individual e como exercício de auto-disciplina na desconstrução e desordenação de lugares definidos e na procura de reconstrução e reordenação desses mesmo lugares  - espaciais e discursivos.  A mostra é composta por um conjunto de objectos realizados nas industrias vidreiras remanescentes da Marinha grande e uma publicação com desenhos, sugeridos pela leitura de textos onde se destaca a fluidez da linguagem.

O titulo da exposição, Orla, refere-se à localização geográfica, costeira, mas serve também, como modo de designar o presente: “como lugar de encontro e de confronto; como linha em sacudidelas constantes, dinâmica e intensa; onde se disputa o território; recorte e configuração em permanente actualização dos limites; é onde se encontra uma grande diversidade de alternativas promissoras; é, numa visão aproximada, uma malha texturada móvel...”

“E o importante é a mera identificação com o acontecer e não com a pessoa que age; cada um de nós devia estar sozinho com o que acontece e, simultaneamente reunido, silencioso e fechado como o lado interno de quatro paredes sem janelas, que constituem um espaço onde tudo pode realmente acontecer, sem que, contudo, um se entranhe no outro, como se tudo acontecesse só em pensamento.” Robert Musil, A tentação de Verónica, a serena.
2012